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terça-feira, 5 de julho de 2011

Seleção de Éguas

IMPORTÂNCIA DA SELEÇÃO COM BASE EM LINHAS MATERNAS

A maioria das seleções atuais praticadas na raça Campolina baseia-se em pilares genéticos de linhas paternas. Ledo engano. A sabedoria de criadores antigos direcionava a seleção com base em linhas maternas. De fato, em ambas as linhagens pilares, “Gás” e “Passa tempo” temos bons exemplos de éguas que foram inegociáveis, sem as quais os lendários sementais de machos destas linhagens certamente não teriam sido produzidos. Mas nas seleções de criatórios antigos, os exemplos de éguas que se notabilizaram como ventres de ouro, imprescindíveis para a evolução do melhoramento genético, são em menor numero, relativamente aos machos que se destacaram.

Na raça Mangalarga Marchador, um bom exemplo de seleção com base em linhas maternas  é a linhagem Herdade, uma das mais importantes na formação daquela raça.. O pilar genético foi uma égua de nome Londrina JB. Dela, foram formados tres outros pilares maternos: Herdade Alteza, Herdade Tiroleza, Herdade Predileta. Do tronco da Alteza os mais notáveis produtos gerados foram a Herdade Alterosa (égua famosa pela sua produção) o Herdade Jupiá (formador do criatório antigo prefixo “Cafundó”)  Herdade Cadilac, o semental “Herdade” de maior contribuição genética na raça Mangalarga Marchador. Acasalado com sua mãe, Herdade Alteza, Cadilac produziu outro nome notável, o Herdade Capricho, que deu fama aos criatórios “Porto Azul” e “Sedução”. Do tronco da Herdade Tiroleza foram formados outros pilares maternos, sendo os mais importantes da Herdade Música e Herdade Prata. Todos os nomes ligados à música são descendentes da matriz Herdade Música, como exemplos: Herdade Dançarino, Herdade Festival, Herdade Flauta, Herdade Ballet, Herdade Bolero, Herdade Ópera, Herdade Harpa, Herdade Bailarina. Todos os nomes ligados a minerais são descendentes da matriz Herdade Prata, como exemplos: Cobre, platina, estanho, cobalto, cromo, pérola, nitrato, , zinco, prateado, dentre outros.

Sabedoria universal é representada pela seleção inicial praticada na raça Árabe, uma das mais antigas e mais puras do mundo, tendo participado da formação de praticamente todas as raças modernas. O segredo do sucesso desta criação está na admiração extrema à uma boa égua. Um garanhão selecionado sempre era filho de uma égua notável. A raça Árabe foi selecionada no deserto da Península Arábica, entre o Mar Vermelho e o Golfo Pérsico, região pela qual vagava um grande numero de tribos nômades, Foram estas tribos que inicialmente selecionaram os pilares genéticos, com base em cinco éguas, de nomes Koheilan, Seglawi, Ibeion, Handani e Habdan. Destas cinco matrizes foram formadas as cinco principais linhagens da raça Árabe. A preferência pelas éguas combinava a procriação, como forma de multiplicar os rebanhos nômades, e o fato de serem mais silenciosas do que os garanhões. Alguns chefes até mantinham a égua de preferência no interior da tenda. A apurada sensibilidade do tato e da audição dava sinal de qualquer aproximação de estranhos no acampamento.

Um fato interessante é que alguns criadores antigos da raça Campolina valorizavam os reprodutores com tendência a gerar fêmeas que futuramente revelam-se reprodutoras consistentes. A explicação genética para este fenômeno é que a maioria dos genes desejáveis estão localizados no cromossoma X das células sexuais. Portanto, são características linkadas ao sexo. A célula espermática masculina carrega cromossomas X e Y. Os óvulos carregam dois cromossomas X. Assim, se o espermatozóide carregando cromossoma X combina com o cromossoma X do óvulo, será produzida uma fêmea. O cromossoma X do macho jamais será transmitido aos filhos. Mesmo que por algum fenômeno genético as filhas não expressem os genes linkados ao cromossoma X, podem ser capazes de transmiti-las para ambos os sexos da progênie, machos e fêmeas.

Um alerta para os selecionadores da raça Campolina que almejam forjar uma linhagem é dedicar o real valor à seleção pelas linhas maternas. Caso contrário, será um contínuo “remar contra a maré”, cada vez mais forte, de genes indesejáveis que afloram a cada geração, oriundos de reprodutores de mérito zootécnico superior, mas que não são imunes à consanguinidade estreita.

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